Crônicas

Adeus…Jacareí

Vi os primeiros trens chegando na cidade, o entra e sai na estação ferroviária, o vai e vem frenético dos seus passageiros caminhando apressadamente pelas rústicas plataformas. Pude escutar o burburinho agitado dos que chegavam e o adeus choroso daqueles que partiam. Do alto dos meus frondosos galhos, pude sempre enxergar o agito nas praças, o caminhar preguiçoso e elegante dos jovens da cidade nas manhãs de domingo. Acompanhei de perto o crescimento acelerado de nossa cidade, a chegada do asfalto e dos carros barulhentos substituindo as charretes. E os prédios então? Demoraram um pouco, mas chegaram também, como frutos do progresso que chega sem limites, exigindo que a cidade cresça para cima, para o alto. Ah, os prédios! Não fazem tão bela sombra quanto eu, nem possuem raízes tão profundas quanto as minhas, mas atingem às alturas, onde eu nem sonho alcançar. Ontem eu via os telhados das casas, hoje são os prédios que me olham lá de cima. Engraçado que eles não geram sementes, mas continuam sempre a se multiplicar, ocupando os espaços, mesmo aqueles que já se encontram ocupados. E agora chegou a minha vez, tenho que desocupar meu espaço para que neste lugar possa brotar um prédio alto e lindo.

 

Outro dia, me peguei pensando: “Como eu gostaria que a semente que me deu origem tivesse caído alguns metros para a frente. Assim, eu teria nascido em um lugar onde poderia desfrutar, por muito mais anos, das alegrias dessa cidade, fazendo sombra e compartilhando da companhia dos amigos e admiradores à minha volta e dos que passam caminhando ou correndo pelas calçadas do parque da cidade.”

 

Até o próximo “Pensando Alto”…..

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