200 anos de liberdade! O que fizemos com nossa independência?
E lá se vão 200 anos da libertação das cortes portuguesas. Hoje, às portas de comemorarmos o bicentenário da nossa independência, será que podemos realmente dizer que valeu o sacrifício dos Andradas e as preces da princesa Leopoldina? E que a morte de Tiradentes não foi em vão?
Estive recentemente na cidade de Ouro Preto, onde pude constatar o espírito da inconfidência mineira registrado nas ruas, casas e objetos significativos, como os pedaços da forca utilizada para executar a sentença dada a Tiradentes. A sentença, em seus escritos originais, também pode ser lida em documento exposto no Museu da Inconfidência. Tudo muito bem organizado para que, caso alguém ainda pense que a nossa independência não custou caro ou foi alcançada sem lutas, tenha esse pensamento imediatamente dissipado. Homens valorosos perderam suas vidas por não suportarem ser extorquidos por Portugal por meio de pesados impostos – vinte por cento de todo o ouro retirado de nosso solo. Foi daí que surgiu a expressão “quinto dos infernos”. Hoje, nos calamos diante de igualmente pesados impostos, cuja soma ultrapassa em muito os trinta por cento, aos quais não seria descabido dar o apelido de “terço dos infernos”. Isso tudo para que homens desonestos e gananciosos encham seus apartamentos com caixas de dinheiro vivo, ou suas cuecas com pacotes de dólares. Deixamos de ensinar o hino nacional nas escolas, a ponto de muitos se engasgarem com a sua letra em eventos cívicos. O que mais me deixou triste foi ver um estádio inteiro, no momento do hino nacional, cantar em coro o nome do seu time preferido em substituição à letra do nosso hino. Que lástima! Nem quero imaginar o que pensaria Joaquim Osório Duque-Estrada vendo tamanha falta de civismo e amor à pátria.
Precisamos urgentemente recuperar nas próximas gerações o civismo e o amor pela nossa nação e seus símbolos. Eliminar de nosso DNA essa síndrome de vira-latas, de levar vantagem em tudo, de furar filas, de achar que tudo que é nacional é inferior. Precisamos ensinar nossos filhos a serem honestos ao invés de serem espertos. Despertar novamente neles o valor da educação e dos bons costumes, o respeito pelas instituições, e o orgulho de sermos o que somos: brasileiros livres e cônscios dos seus direitos e deveres como cidadãos dessa pátria mãe gentil. Esse é o nosso maior bem, independentemente da ocasião.
Como serão os nossos próximos 200 anos?
Quero enfatizar para a geração que irá construir esse novo tempo duas mensagens:
A primeira, bradada por D. Pedro I às margens do riacho Ipiranga: “Independência ou morte”. Felizmente já alcançamos a independência e que Deus nos permita permanecer usufruindo amplamente dela.
A segunda, que nos foi deixada por Olavo Bilac: “Criança! Não verás nenhum país como este! Imita na grandeza a terra em que nasceste!”. Que essa seja a força motriz que nos conduza a patamares dignos desta nação e dos homens valorosos que a formaram.
Até o próximo Pensando Alto….